“Feira vai à Fase” recebe o escritor e ator Otávio Júnior
Em bate-papo com os socioeducandos, autor contou um pouco da sua trajetória ligada à literatura e aos temas da periferia
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O escritor, ator, contador de histórias e produtor cultural, Otávio Júnior, foi o destaque da edição do ‘Feira vai à Fase 2024’, realizada nesta segunda-feira (11/11) pela Fundação de Atendimento Socioeducativo. Desenvolvida desde 2002, a proposta busca oportunizar o contato dos socioeducandos com a Feira do Livro de Porto Alegre. Transmitida em formato virtual para os jovens das oito regionais no Estado, a atividade é um dos destaques do calendário pedagógico da fundação.
A iniciativa é organizada pela Diretoria Socioeducativa por meio da Coordenação Pedagógica e do Núcleo de Esportes, Lazer, Cultura e Espiritualidade (Nelce). As unidades receberam obras do autor como preparação para o encontro que também foi destinado a adolescentes que cumprem medida de Internação Sem a Possibilidade de Atividade Externa (ISPAE).
O presidente José Stédile lembrou a série de atividade promovidas pela Fase com o intuito de estimular o hábito pela leitura e pela escrita, como o concurso literário, que chegou à sétima edição neste ano. “A leitura garante conhecimento, novas experiências, estimula a criatividade e, principalmente, ajuda a transformar vidas para melhor”, disse, agradecendo ao autor pela presença.
Natural do Rio de Janeiro, Otávio Júnior é escritor, ator, contador de histórias e produtor cultural. Nascido e residente no Complexo do Alemão, ficou conhecido por abrir a primeira biblioteca da localidade. É autor de vinte livros, entre eles, o “Da minha Janela’, que recebeu o prêmio Jabuti como Melhor Livro Infantil de 2020.
“Um novo futuro pode ser criado a partir do contato com os livros. Espero que vocês possam experimentar: ler, escrever, criar. O livro é um objetivo mágico e encantador. Eu sou apaixonado pela literatura”, refletiu o autor, que participou da atividade no gabinete da Sede Administrativa, em Porto Alegre, ao lado do presidente da Fase e do Analista Bibliotecário, Wellington Bucco, que mediou a atividade. Otávio também escreve contos, roteiros de histórias em quadrinhos e poesias infantojuvenis.
Ao responder a questionamentos formulados pelos adolescentes da capital e do interior, o autor citou parte do processo criativo para a feitura da obra ‘O Livreiro do Alemão’, lida pelos socioeducandos. O livro relembra parte dos desafios do autor para a consolidar projetos de leitura na periferia do Rio de Janeiro. “A ideia é ressignificar a vida e as histórias da favela. Também conto histórias de superação. Na periferia existem sonhos, inovação, empreendedorismo e educação”, contextualizou, estimulando os jovens a perseguirem seus objetivos.
Otávio defendeu, ainda, a cultura, a arte, a literatura e o esporte como instrumentos “fundamentais” para a ressocialização dos jovens que tiveram conflito com a lei. Também parabenizou a Fase pelos projetos que estimulam o desenvolvimento intelectual e humano dos socioeducandos (as). “Muito obrigado à Fase pelo convite e aos jovens pela ‘troca de experiências’ ligadas à leitura e à escrita. Estou saindo daqui transformado e impactado positivamente”, concluiu, colocando-se à disposição para futuros projetos.
O ‘Feira vai à Fase’ surgiu em 2002, quando a Câmara Rio-grandense do Livro passou a levar autores convidados do evento ao Centro de Internação Provisória Carlos Santos (CIPCS), em Porto Alegre, sendo ampliada posteriormente para as demais unidades.
“O evento ‘Feira vai à Fase’ se incorporou ao nosso calendário permanente de atividades”, comemorou a diretora Socioeducativa, Cláudia Patel, ao citar a relevância da atividade. “Não existe processo socioeducativo sem leitura, pois ela preenche a nossa imaginação e nos desenvolve intelectualmente. Tudo isso é fundamental para a construção dos novos projetos de vida”, completou, dirigindo-se aos socioeducandos (as).
Também presentes, a diretora Administrativa, Simei Pilotti, o representante do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Alex Vidal, bem como servidores e socioeducandos de unidades de internação e de semiliberdade. O evento foi realizado com apoio da Câmara Riograndense do Livro.