A partir do trabalho de integração de três unidades da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), uma exposição de esculturas fabricadas em materiais recicláveis,  ganha destaque na Câmara de Vereadores de Porto Alegre até o fim do mês. A exposição “Quase 200 anos de Luta” foi idealizada pelo Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Poa I e retrata a figura feminina e mulheres que se destacaram na história da sociedade 

O projeto teve origem nas atividades da biblioteca do Case Poa I com um adolescente oriundo do Centro de Internação Provisória Carlos Santos (CIPCS), que levou a ideia da produção de figuras femininas que aprendeu na unidade. Com ajuda das servidoras do CIPCS, Viviane Garcia Fuchs e Luciana Reimeinher, e também do Casef, que forneceu livros para pesquisa, o projeto deu sequência no Case Poa I

No Case Poa I, com apoio das agentes socioeducadoras Dirceia Cristiane Fajardo e Maria Regina Abud Dorneles, o socioeducando de 18 anos produziu 12 bonecas, entre elas, figuras históricas, como a escritora Maria Carolina de Jesus. "Estávamos arrumando tudo para o Natal e íamos fazer anjos, foi então que ele nos ensinou a fazer o que tinha aprendido no CIPCS. Mas é uma escultura bem difícil, então procuramos a Viviane e Luciana para nos auxiliar, que imediatamente abraçaram a ideia”, explica Maria Regina.

O material usado para fazer as bonecas veio dos recipientes utilizados nas refeições dos adolescentes, os marmitex. Mas incluindo uma visão mais sustentável ao projeto, as agentes trouxeram novos materiais, que resultaram em esculturas coloridas, originais e sustentáveis. Outro adolescente também contribuiu com o objeto da pesquisa e auxiliou na escolha das figuras meninas que seriam representadas. “Adquiri um grande aprendizado em todo o processo de pesquisa. Eu tentei retratar essa luta das mulheres, não deu para mostrar tudo, mas eu tentei representar as que vieram na minha mente, que na minha visão, deixaram algo de mais importante na história. Tem uma grávida que representa a mãe, a plus size falando para que as mulheres possam se gostar do jeito que são, tem a Carolina de Jesus, que ultrapassou limites e mostrou a luta e a vida da mulher da favela, entre outras”, disse o jovem que esculpiu os objetos. 

A ideia é que a exposição seja itinerante e percorra outros locais públicos em breve. A presidente da Fase, Sônia D’Avila, acompanhou a abertura da atividade e destacou o trabalho realizado na Fase. “A exposição está linda, é cultura e um trabalho de integração entre as unidades que mostra o espírito do trabalho socioeducativo”, opinou. 

A direção do Case Poa I ainda reforçou que o adolescente que assina a exposição também está fazendo cursinho pré-vestibular que conseguiu com auxílio da equipe da unidade.