Um adolescente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) alcançou o segundo lugar no Prêmio AJURIS de Redação nas Escolas. Aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Senador Pasqualini, anexa à unidade, em Porto Alegre, o jovem de 16 anos recebeu a premiação, nesta segunda-feira (11/12), em evento promovido pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul.

Acolhido pelo Centro de Atendimento Socioeducativo Padre Cacique (PC), o estudante do 9º ano do Ensino Fundamental ganhou um tablet para estimular a continuidade dos estudos após a conclusão da Medida Socieducativa (MSE). A premiação também contemplou a instituição de ensino. Todas as seis escolas que tiveram alunos classificados receberam um computador desktop.

A entrega da premiação foi realizada nas dependências da escola, localizada no complexo da sede administrativa da Fase, na Avenida Padre Cacique. “Eu não ‘tava’ a fim de participar’, mas a professora me deu incentivo. Isso é mais uma prova de que todo mundo que está aqui é capaz, todos conseguem”, comemorou o socioeducando.

A temática do concurso foi inspirada pela frase “Ouçam bem o que venho dizer: quem a Justiça precisa ouvir?”. Ela serviu de reflexão e estímulo para a escrita das redações.

“Dentro do nosso Projeto Pedagógico, encaramos a escrita e leitura como formas de aprendizado e reinserção social”, repercutiu a diretora Paula da Costa. A participação no concurso, avalia a educadora, permitiu aos alunos uma experiência de reflexão e autoconhecimento. Além do estudante premiado, a escola também contou com socioeducando participante na categoria Ensino Médio. “A Escola está muito feliz pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido pela professora Joseane”, pontuou.

Para o presidente da Fase, José Stédile, a educação é o primeiro passo para que as medidas socioeducativas tenham êxito. “Hoje estamos colhendo mais um fruto plantado a muitas mãos. É fundamental que vocês aproveitem ao máximo as oportunidades oferecidas no período em que estiverem na Fase”, disse. O gestor parabenizou o estudante, além de valorizar o trabalho realizado pela Fundação para promover o ensino regular entre os socioeducandos de todas as regionais do Estado. “A construção de uma nova vida começa agora”, completou.

Também presente, o diretor do Centro de Atendimento Socioeducativo Padre Cacique (Case PC), Rogério Santos, bem como a vice-diretora da escola, Patrícia Debortoli e a Supervisora Escolar, Maria Luciane Franco.

Estímulo e valorização

Conforme a juíza Karla Aveline de Oliveira, a iniciativa da AJURIS valoriza os talentos e estimula o desenvolvimento de novas habilidades junto aos jovens privados de liberdade. “É um processo de interlocução da escola com as equipes técnicas, com a direção da unidade. É uma dedicação para que vocês sejam acolhidos, para que tenham a possibilidade para desenvolver as potencialidades”, pontuou a responsável pelo 3º Juizado da Infância e Juventude (JIJ). “Nós ficamos realmente muito felizes”, completou.

O presidente da Ajuris, Cláudio Martinewski, destacou que a entidade aposta no “poder transformador” da educação. “Ela tem a capacidade de fazer com que possamos evoluir e progredir, ampliando os horizontes, nos fazendo melhores”, refletiu. Conforme o desembargador, a iniciativa supera a premiação pessoal. “É um reconhecimento de todo o Estado ao potencial do estudante e também colaborou com o coletivo da escola. É um grande exemplo a ser seguido”, disse, dirigindo-se ao socioeducando e aos colegas presentes.

Comissão julgadora

As redações escolhidas passaram por uma ampla avaliação da comissão julgadora da AJURIS, formada por uma equipe de desembargadores e juízes. Foram recebidas 103 redações de estudantes de escolas públicas do Rio Grande do Sul, sendo 47 do Ensino Fundamental e 56 do Ensino Médio.

Segundo a juíza Samyra Bernardi, uma das organizadoras do concurso, a qualidade e maturidade dos textos mais uma vez impressionou os jurados. “Mais uma vez, contamos com a participação de alunos de todas as partes do Estado e ficamos muito agradecidos pela confiança e pelo entusiasmo de todos com mais esse projeto da AJURIS”, afirmou.

Escolas na Fase

Em parceria com a Secretaria da Educação, cada unidade da Fase conta com uma escola estadual exclusiva, garantindo a continuidade do processo de escolarização a todos (as) adolescentes, cuja frequência é obrigatória.

Algumas unidades já dispõem de novas unidades escolares autônomas, construídas em parceria com a Seduc, e que buscam a qualificação do atendimento oferecido aos jovens.

Além das instituições de ensino, cada Centro também possui uma Sala de Leitura para promoção e incentivo à leitura e à produção da escrita criativa, contribuindo para o desenvolvimento intelectual dos (as) adolescentes.

*Com informações da Ascom AJURIS