Fase: obra escrita por socioeducandos é lançada na Feira do Livro de Porto Alegre
Material reúne as produções textuais e gráficas em destaque nas edições recentes do Concurso Literário da Fundação
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O lançamento do livro “Onde moram meus pensamentos - Volume 2” foi o ponto alto do projeto “Fase vai à Feira”, realizado nesta quarta-feira (13/11), na 70º edição da Feira do Livro de Porto Alegre. A obra reúne as produções dos socioeducandos (as) durante a 6ª e a 7ª edições do Concurso Literário da Fundação de Atendimento Socioeducativo, realizadas em 2023 e 2024.
A quarta obra da Fase está dentro da proposta de valorizar a produção gráfica e textual dos socioducandos (as) como forma de despertar o interesse pela leitura e pela escrita em todas as regionais do Estado. Os textos e desenhos dos adolescentes e jovens adultos abordam temas como Liberdade, Família, Combate à Violência contra a Mulher, Impunidade, Intolerância, Preconceito Racial, Educação e Desigualdade Social.
A Fase disponibilizou para cada adolescente um vale-compras para a aquisição de obras literárias na feira. “Esperamos que a Fase seja uma etapa que mude a vida de todos vocês, com oportunidades em diversas áreas como educação, arte, cultura e literatura”, disse o presidente José Stédile, reafirmando o compromisso institucional da fundação. “O passado não é possível alterar, mas é possível escrever um novo futuro”, completou.
Organizada pelo Núcleo de Esporte, Lazer, Cultura e Espiritualidade (Nelce), o evento é um dos destaques do calendário anual da Coordenação Pedagógica da Fundação. Destinada a adolescentes que cumprem medida socioeducativa de Internação com Possibilidade de Atividade Externa (ICPAE), a programação contou com jovens de unidades de internação e de semiliberdade da Fase em todo o Estado.
“É uma grande conquista da fundação a edição de mais um livro de autoria dos socioeducandos e socioeducandas”, pontou a diretora Socioeducativa, Cláudia Patel. A gestora lembrou que as ações destinadas à promoção da leitura e da escrita são práticas rotineiras em todas as unidades. “A construção de um novo projeto de vida passa pela leitura e pela imaginação. Vocês precisam acreditar nos sonhos e no potencial de cada um de vocês,”, completou, dirigindo-se aos adolescentes e jovens adultos.
A Fase também esteve representada por diretores de unidades de internação e de semiliberdade de todo o Estado, pela diretora Administrativa, Simei Pilotti, pela coordenadora pedagógica, Clarissa Quadros, pelo Chefe do Nelce, Pedro Falkenbach Júnior, pela chefe do Núcleo de Escolarização, Jamille Cordeiro, pela chefe do Núcleo de Profissionalização e Trabalho Educativo (NPTE), Lilian Locatelli e pelo analista Bibliotecário da Fase, Wellington Bucco.
“É muito prazeroso. É um reconhecimento e uma nova oportunidade que estão me dando. No passado fiz muitas coisas erradas, mas estou tento a chance de mudar, recomeçar e fazer diferente”, disse um socioeducando do Case Caxias do Sul, durante a sessão de autógrafos coletivos. Ele venceu o concurso de desenhos. “A minha família está muito orgulhosa e acreditando em mim. Agradeço a toda a equipe técnica da Fase pelo apoio” completou o jovem atendido pela unidade da serra gaúcha há 16 meses.
Obra literária
O livro “Onde moram meus pensamentos – Volume 2” foi organizado pela DSE, por meio do Nelce, e contou com apoio da diretoria Administrativa e do gabinete da presidência. A obra reúne cerca de 50 produções de textos e desenhos que simbolizam o trabalho socioeducativo em um de seus principais pilares, a educação.
“Nosso agradecimento e nossos parabéns para os jovens da Fase, que são as maiores estrelas do evento”, disse o chefe do Nelce, Pedro Falkenbach Júnior. Ele lembrou que a coletânea é fruto de um trabalho realizado a muitas mãos, com destaque especial para as pedagogas, os titulares dos espaços de leitura e as professoras que atuam nas escolas estaduais anexas às unidades de atendimento socioeducativo.
Durante a cerimônia de lançamento, os organizadores também homenagearam os jurados da 6ª e 7ª edições do Concurso Literário da Fase. Sendo eles: o representante do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Alex Vidal; a promotora de Justiça da Infância e Juventude de Porto Alegre, Carla Frós; a Bibliotecária responsável pelo Banco de Livros da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais de Porto Alegre Neli Miotto; o Bibliotecário da Fase, Wellington Bucco; e o defensor público Waldemar Menchik Jr, que escreveu o prefácio da obra.
“Agradecemos a todos os servidores, titulares dos espaços de leitura, professores e diretores das escolas pelo comprometimento com o projeto, com destaque para os socioeducandos e socioeducandas que nos brindaram com suas produções textuais e gráficas”, disse Wellington Bucco. O profissional também agradeceu à direção-geral da Fundação e reforçou os cumprimentos aos jurados.
Entre os presentes, Neli Miotto, Alex Vidal, o defensor público Rodolfo Lorea Malhão, a representante da comissão organizadora da Feira do Livro de Porto Alegre, Sônia Zanchetta, além de diretoras das escolas ligadas à Fase.
Atração cultural
Outra atração da Fase na Feira do Livro foi a apresentação de Nathy MC Poeta Desperta. Natural do bairro Restinga, em Porto Alegre, ela é campeã de diversas batalhas de poesia faladas (Slams) na capital e região metropolitana.
“Trabalhamos com arte e cultura através do hip hop e do rap. Acredito que são ferramentas que salvam e resgatam vidas”, disse a escritora e produtora cultural, fazendo um paralelo com a missão da Fase destinada à ressocialização.
Ela também desenvolve trabalhos sociais e culturais e é fundadora do grupo de rap “Conexão Katrina” que defende o protagonismo feminino. “Estar na Feira do Livro, trazendo nossa arte para os jovens, é bastante gratificante e muito ‘potente’. Estou realmente muito feliz”, completou. A artista liderou uma oficina de poesia criativa com os socioeducandos e demais presentes.
Nathy também é autora do livro “Recomece” e, nos próximos dias, lançará a sua segunda obra na Feira do Livro 2024. Com o título “Poesia Descoloniza”, o texto aborda a temática antirracista e promove o chamado afrofuturismo. “É minha resistência, meu grito de luta na sociedade”, concluiu.