Em atividade sobre combate à violência de gênero, jovens da Fase recebem elogios de Maria da Penha
Socioeducandos de Caxias do Sul trocaram mensagens com a ativista que deu nome à lei que revolucionou o combate à violência
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Um projeto da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), na serra, promoveu uma série de reflexões entre os socioeducandos sobre a igualdade de gênero e o combate às práticas de violência e discriminação. Realizado pelo Centro de Atendimento em Semiliberdade de Caxias do Sul (CAS), o projeto “Grupo Reflexivo de Gênero” utilizou princípios da Justiça Restaurativa e dos Círculos de Construção de Paz. A troca de mensagens entre os socioeducandos e a farmacêutica Maria da Penha, que elogiou a iniciativa, foi um dos destaques da atividade.
Após sobreviver a tentativas de homicídio por parte de seu então marido, Maria da Penha tornou-se referência mundial na luta contra a violência doméstica e de gênero. Seu ativismo levou à promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que estabelece medidas de proteção às vítimas, aumenta as penas para os agressores e promove políticas públicas de prevenção e combate à violência de gênero.
“Nós, participantes, dialogamos e refletimos sobre o impacto que nos causou a sua história, surgiram diversos sentimentos, como revolta, indignação, tristeza e dor. Em contrapartida, também tivemos os sentimentos de admiração, determinação e empatia diante da sua luta no combate à violência contra a mulher”, destaca trecho da carta enviada por e-mail ao Instituto Maria da Penha pela unidade. “A sua luta é o símbolo da vida com respeito e dignidade para todas as mulheres. Sabemos que muito ainda precisa ser feito, mas queremos agradecer por não desistir”, concluiu a mensagem.
A resposta de Maria da Penha foi lida para os socioeducandos e servidores (as), que ficaram surpresos e felizes com o retorno da mensagem. Parabenizando a unidade pela atividade, ela destacou que o projeto da Fase serve como referência para os demais estados. Também destacou que o trabalho transmite otimismo e fé nas novas gerações que, segundo ela, devem estar comprometidas com a construção de uma cultura de paz.
“Arrepiei. Senti a sensibilidade, o compromisso e a sintonia com os objetivos do Instituto Maria da Penha: fazer a diferença na sociedade no enfrentamento à violência doméstica e familiar através da educação. Desejo a vocês um futuro de conquistas e de paz. A vocês, os meus agradecimentos. O Instituto Maria da Penha está à disposição”, finalizou.
Com abordagem pedagógica, a iniciativa tratou de temas do cotidiano dos jovens, como Direitos
das Mulheres, relações de gênero e masculinidade, Consciência Negra, Saúde Mental, relações afetivas e familiares, Direitos Humanos, Lei Maria da Penha, entre outros. Além da igualdade de gênero, as ações também trabalharam os desafios para a igualdade racial.
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O trabalho foi concluído com revisão dos conteúdos trabalhados durante o projeto e com a exposição de encerramento, que reuniu as produções desenvolvidas nos grupos temáticos. As atividades envolveram socioeducandos e servidores, garantindo a repercussão dos temas nos diversos contextos da unidade.
“A proposta valoriza o protagonismo juvenil e, principalmente, permite que temas complexos sejam discutidos em espaços seguros, através de uma abordagem educativa, reflexiva e preventiva”, resumiu a pedagoga e diretora da unidade, Alexandra Bittencourt. A gestora coordenou os trabalhos ao lado da chefe de equipe, Mara Hongaratti. Ambas são facilitadoras de Círculos de Construção de Paz.
O projeto Grupo Reflexivo de Gênero foi realizado no período de 27 de março a 31 de julho, com todas as atividades sendo desenvolvidas no Centro de Atendimento em Semiliberdade de Caxias do Sul (Cas).