Um egresso da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (FASE) está colhendo os frutos da educação profissional recebida durante o cumprimento da medida socioeducativa. Acolhido no Centro de Atendimento em Semiliberdade de Uruguaiana (CAS), na Fronteira Oeste, o jovem comemora a “nova vida” semeada a partir do trabalho ofertado pela unidade.

Após participar da Oficina das Massas, promovida pelo CAS, Everson Har Souza iniciou estágio em uma pizzaria do município, onde trabalha atualmente após ser contratado pela empresa. Agora, depois de dois anos, a jornada profissional superou os limites do Rio Grande do Sul.

Desde o último final de semana, está participando de um curso avançado no Instituto Gourmet da Pizza, em Curitiba, no Estado do Paraná. Liderado pelo chef Isaías Soares, a Escola de Pizzaiolos é considerada a mais completa da América Latina.

“Foram momentos e experiências que ficarão para toda a minha vida. A semiliberdade é uma porta de oportunidades para quem busca trabalhar e seguir uma nova vida”, disse Souza. Ele foi atendido pela unidade durante seis meses em 2021. “A Fase é um lugar que acolhe as pessoas”, completou.

Natural de Santana do Livramento, adotou a Fronteira Oeste como lar, inclusive trazendo a família para também fixar residência em Uruguaiana. “Além de mim, outros internos também saíram da semiliberdade empregados. A vida não é um mar de rosas, mas tendo com quem contar, os desafios ficam mais fáceis de serem superados”, concluiu.

Oficina das Massas

Ministrada pelo agente socioeducador Giulliano dos Santos, a iniciativa foi a primeira oficina a ser ofertada pelo CAS Uruguaiana. A atividade possibilita o aprendizado completo do ofício.

A qualificação possui etapas como processo de compra dos produtos, produção de massa, molhos, montagem até o cuidado com os utensílios de trabalho. Desde março de 2021, a Oficina das Massas produziu pizzas, pães caseiros e cucas, sendo os produtos consumidos pelos adolescentes e também comercializados na comunidade.

“O trabalho da socieducação é transformar para melhor a vida dos jovens. Nossas oficinas cumprem justamente esse papel, para que os adolescentes sejam reintegrados à sociedade da melhor maneira possível”, disse o diretor da unidade, Carlos Alvarim Martins da Silva.

Trajetória destacada

Pedagoga que atua na unidade, Vanessa Porto lembra que Souza também se destacou em outras ações e oficinas lideradas pela Fase. Entre elas, o Concurso Literário e o Torneio de Xadrez, realizados anualmente com socioeducandos e socioeducandas de todas as unidades do Estado.

“O jovem também concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Marechal Cândido Rondon enquanto cumpria a medida de internação em semiliberdade”, completou a profissional. Com dez anos de serviços prestados à FASE, ela já foi diretora do Centro de Atendimento Socioeducativo de Uruguaiana (Case) e também da unidade de Semiliberdade.

Além da qualificação profissional, a Fase tem na educação um dos principais eixos de atuação. Em parceria com a Secretaria da Educação (Seduc), cada Centro da Fundação é atendido por uma escola estadual.

Núcleo de Egressos

Dentro da Diretoria Socioeducativa (DSE), a FASE conta com o Núcleo de Acompanhamento de Egressos e de Procedimentos Restaurativos. O NAEPR oportuniza articulação e integração entre os profissionais dos Centros de Atendimento e a equipe do CIEE / POD – Programa de Oportunidade e Direitos (POD Socioeducativo).

Destinado a egressos da Fundação, o programa oferece atendimento psicossocial, capacitação profissional e uma bola-auxílio mediante a comprovação de frequência escolar – em até um ano após o fim da medida socioeducativa.

Pertencente à Coordenação de Medidas Socioeducativas da DSE, o trabalho busca reduzir a reincidência infracional e promover a segurança pública cidadã na perspectiva da construção de uma cultura de paz.

Atualmente, o núcleo está elaborando o Programa de Egressos e atualizando a documentação do desligamento dos adolescentes.

Saiba mais

Na Fase, a proposta de profissionalização é desenvolvida em três modalidades: Oficina Ocupacional, Educação Profissional − tema deste texto − e Aprendizagem.

“A Educação Profissional oportuniza aos socioeducandos a passagem para o mercado de trabalho. A oferta de cursos leva em conta as tendências produtivas de mercado e, principalmente, a área de interesse dos jovens”, contextualizou o presidente da Fase, José Stédile.

Ao possuir certificado de qualificação profissional, o socioeducando garante melhores condições para concorrer à oferta de trabalho, facilitando a inserção profissional. Os cursos podem ser de iniciação profissional ou de qualificação profissional, organizado por módulos e carga horária máxima de 160 horas.