Fase promove ações alusivas ao Mês da Consciência Negra
Atividades intensificam pauta antirracista e destacam a importância da cultura afrodescendente para a história do Brasil
Publicação:

Em alusão ao Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, diversas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) estão promovendo atividades que envolvem cultura, enfrentamento ao racismo e busca pela equidade racial.
A programação, desenvolvida ao longo de todo o mês de novembro, integra a série de ações promovidas pelo governo do Estado para celebrar a cultura e a ancestralidade da população negra e para refletir sobre os desafios ainda enfrentados no combate ao racismo estrutural e na promoção da igualdade racial.
As unidades da Fase estão investindo em rodas de conversa, exibição de filmes e documentários e apresentações culturais, com destaque para shows de música e dança. Em destaque, ainda, trabalhos pedagógicos realizados em conjunto com as escolas estaduais que, anexas às unidades, atendem aos socioeducandos (as).
Durante a semana da Consciência Negra, de 18 a 22 de novembro, o prédio da Sede Administrativa, na Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre, recebeu iluminação especial com as mesmas cores comuns em diversas bandeiras de nações africanas. O verde, o vermelho e o amarelo identificam Pan-Africanismo, que propõe a união de todos os povos da África como forma de potencializar o continente no contexto internacional.
“É preciso combater o racismo, diariamente, e trabalhar na correção de injustiças históricas com a população negra”, destacou o presidente da Fase, José Stédile. O gestor lembrou, ainda, que a Fase promove uma série de ações e formações destinadas à promoção de valores como liberdade, justiça, igualdade e qualidade de vida.
No Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef), em Porto Alegre, está em andamento um festival protagonizado por artistas negros. “O evento está muito legal. É um assunto muito importante ‘falar’ sobre a negritude”, refletiu uma jovem de 16 anos. Estudante do oitavo ano do Ensino Fundamental, ela é atendida pelo Casef há 90 dias. “As apresentações estão muito interessantes. Eu gosto bastante de música e de dança”, completou.
“O grande objetivo é aproximar as socioeducandas da cultura afrobrasileira com música, danças e reflexões durante a nossa programação especial para celebrar a Consciência Negra”, disse o organizador da atividade, Júlio Mendes, lembrando que o festival já é uma atividade incorporada ao calendário pedagógico do Casef nos meses de novembro. “O evento também está sendo marcado pela integração entre as jovens e os servidores da unidade”, concluiu.
Personalidades históricas
A importância da liberdade e da igualdade de gênero foi trabalhada pelo Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Passo Fundo (Case PF) junto aos socioeducandos. Entre as ações, destaque para a série de trabalhos tendo como tema os personagens negros que marcaram a história da humanidade e são referências no país na defesa das pautas ligadas à negritude, como Zumbi dos Palmares, Muhammad Ali e Pelé.
A temática foi abordada sob o prisma da empatia, das políticas públicas afirmativas e do letramento racial no Centro de Atendimento em Semiliberdade de Caxias do Sul (CAS). A Consciência Negra motivou os debates durante o projeto “Encontro com as Famílias”, que reuniu servidores, socioeducandos e seus familiares. A abordagem de diferentes estilos musicais de raízes afro-brasileiras e afro-americanas, que carregam histórias de resistência, espiritualidade e celebração da identidade negra foi um dos pontos altos da atividade.
“Essas atividades não apenas exaltam a cultura negra, mas também incentivam a empatia e ampliam a compreensão sobre a história e os desafios enfrentados pela população negra no Brasil e no mundo”, avaliou a analista psicóloga Tamara Maciel, que atua na unidade.
Ações pedagógicas
Os socioeducandos também participaram da confecção de bonecas Abayomis, que auxiliam a pensar na cultura afro-brasileira em suas diversas formas. A mesma atividade foi realizada pela Escola Estadual de Ensino Médio Paulo Freire, que atende aos adolescentes e jovens adultos do Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Caxias do Sul (Case CX).
“Os adolescentes também puderam discutir sobre autodeclaração étnico-racial e preencheram a própria ficha. Além disso, exibimos o documentário ‘Os Quatro da Candelária’, em alusão ao debate sobre a infância e juventude negra no Brasil”, pontuou a psicóloga Caroline Navarini, que atua no Case CX.